sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Carta aberta ao dep. Alessandro Molon

Bom dia, caro deputado
Antes de qualquer coisa, por questão de honestidade, afirmo que não me sinto traído em meu voto, que sempre foi cativo, de Jandira Feghali.
Causou-me surpresa a sua desfiliação do PT e mais ainda a sua intenção de se filiar à Rede Solidariedade, de Marina Silva, que teve o registro homologado nesta semana.
Fiquei surpreso porque o seu discurso e a sua postura foi sempre a do PT, a sua coragem política, a de um homem de esquerda, os seus votos no parlamento, os de um progressista.
Acho natural que alguém saia do PT, trocando-o por outro partido, e razões muitas há: alguém, por ser comunista ou estar mais afinado com o PC do B; alguém, por não concordar com a postura social democrata do partido, sai para uma sigla mais à esquerda; alguém que não concorde com as medidas que vem sendo tomadas por Joaquim Levy, neoliberais, caminhe para mais à esquerda; alguém que, alienado político, acredita na mídia e na farsa da Lava Jato, fugindo desse “antro de perdição” que é o PT...
Mas o senhor não se enquadra em nenhum desses casos, e a minha dedução é óbvia: caminhou para a direita, para o conservadorismo, para o palco iluminado pelo Itaú e a Natura, para onde há um jatinho executivo sem dono, milionários financiamentos de campanha, corrupção na Petrobrás, no Ceará, e discursos afinados com o PSDB/Dem.
Até ontem tudo isso esteve em seus lábios, nos microfones, na forma de denúncias e cobranças, fosse no parlamento ou nos eventos de rua, e de repente...
E fico conjecturando o que poderia ter sido.
O senhor já tem como certo um impeachment, que esfacelaria a esquerda brasileira, praticamente destruiria o PT e promoveria pelo menos quinze anos de retrocesso nas conquistas sociais e, espertamente, já se bandeou para o lado dos vencedores?
Por entender que num estado que tem Lindberg Farias e Jandira Feghali a sua pretensão de chegar a prefeito ou governador fica dificultada, e aí uma outra sigla facilitaria?
Isto é oportunismo, egoísmo, carreirismo, o colocar as pretensões pessoais acima do bem comum, o buscar o poder a qualquer preço, ainda que a custa do prejuízo da sociedade.
Pode ser também que as suas convicções tenham sido sempre conservadoras e o viés progressista se deu em função conjuntural ou de oportunidade.
Espero vê-lo nos palanques políticos partidários, nos programas eleitorais das tevês, junto com Marina Silva, defendendo as mesmas bandeiras de Aécio Neves e Agripino Maia, talvez coligado, e lhe agradeço por isso.
É a partir desses exemplos que me policio e aprofundo a minha coerência. Tenho muito medo de me expor ao ridículo ou, pior, ser taxado de traidor.
Francisco Costa
Rio, 25/09/2015.
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